Ponto Na Rede
terça-feira, 14 de outubro de 2014
PERA LÁ! : A CORRUPÇÃO NÃO NASCEU NO SEC XXI
Uma coisa todos precisamos lembrar. A corrupção no Brasil não começou no sec XXI. Não foi o PT que inventou a corrupção, como a plimplim quer que acreditemos.-----------
Eu tinha quatro anos, Ademar de Barros era governador. O slogan que usavam, parece que defendendo até, absurdamente, era: "rouba mas faz". E certamente não foi Ademar de Barros quem inventou a corrupção. Muitos anos depois colaram esse mote no Maluf, cria pura da ditadura civil-militar. Os governos tucanos já têm bibliografia crescente: A Privataria Tucana, O Principe da privataria, Operação Banqueiro. E não se falou ainda da "lista de Furnas" ou dos 20 anos de corrupção no Metrô e trens metropolitanos de São Paulo. Vamos precisar de uma prateleira exclusiva. ------------O fato de nada disso virar de fato assunto para o judiciário, mostra o quanto o Brasil se acostumou e aceitou, quase como inerente à política. O Maluf não pode sair do Brasil, mas aqui os joaquins fazem que não sabem de nada. A "privataria" está publicada e foi tipo best-seller ha cerca de quatro anos. não acontece nada.-----------------
Confesso que fiquei abalado quando a plimplim começou sua campanha criminosa de difamação de políticos do PT com a história do "mensalão". Votei no Genoíno, mais de uma vez, assim como votei no Suplicy todas, no Florestan uma. Também votei no Serra uma vez e no FHC duas, senador e presidente (1ª vez).------------Passado o tal "julgamento do século", vi o seguinte: uma farsa montada contra o PT e não contra corrupção, como sempre. Um juiz desequilibrado, o desrespeito à constituição e a reinvenção de uma teoria de ocasião, para servir sobretudo aos corruptores, os poderosos, que sabem bem como usar esse expediente. Afinal é impossível a corrupção sem os corruptores.-----------Conclui: de fato, infelizmente existem corruptos no mundo todo, em todas as instâncias, do futebol à Igreja. Seria ridículo pensar que o PT está isento. Mas não tem comparação com o que veio antes, no Brasil, e de fato, pela primeira vez se esforça por investigar e julgar. Infelizmente a nossa PF parece a rede da moça, tem cada furo!!!, e a nossa justiça é em grande parte joaquiniana.
Então acho que a gente precisa estar atento e saber discernir. Nada é igual: os olhos, as mãos, as folhas... não existe igual.
Se o Genoíno for candidato, voto nele de novo, de consciência tranquila e agora com muito orgulho.
Jamais, de forma alguma, votaria no Serra e no FHC novamente. Nunca mais!
terça-feira, 6 de maio de 2014
O discurso e o curso da vida
O discurso
e o curso da vida .
(no
início do bombardeio 'mensalão', anos atrás, confesso que levei um
susto!
Passado
o 'mentirão' entendi: os erros balizam a aprendizagem, são
inevitáveis, mas o PT não perdeu o rumo nem abandonou seus
princípios)
Parei outro dia pra
ouvir o discurso do Lula em Santo André, no “Tijolaço”.
Num determinado momento
foi me dando uma espécie de arrepio interno, de clareamento nas
ideias, um mesmo tom perpassando os diferentes níveis perceptíveis
da vida real, complexa.
A sensação parece
surgir junto com uma noção do real se construindo, as diferentes
instâncias da história se somando e se relacionando num todo que
ganha significado próprio e também as redimensiona.
O discurso do Lula é
muito bonito e emblemático.
Com simplicidade e bom
humor foi contando sua história onde a gente pode ver o
desenvolvimento do homem Lula, crescendo, amadurecendo e
transbordante se entretecendo com o crescimento e amadurecimento de
um grupo social e da vida política e social brasileira.
Ainda jovem,
sindicalismo em tempos difíceis, Lula já surge como líder. Luta,
enfrenta, é preso, deixa registro na história. Noutro passo
potencializa esse impulso, cria uma nova bandeira e a levanta:
congrega, soma em torno de si e ergue o Partido dos Trabalhadores,
que ainda lidera e mais que nunca simboliza.
Esse partido cresce,
acertando e errando como todos nós, com muita gente da maior
qualidade junto (são muitos, não cabe citações) e uma militância
ideológica, única, forte, combativa.
E isso acontece
enquanto a sociedade engatinhava uma nova democracia pós-ditadura e
precisando também crescer, aprender a caminhar em suas próprias
pernas. Tendo que amadurecer, fazer escolhas, tomar decisões,
assumir-se, agir, ocupar seu espaço num mundo novo globalizado às
portas de um novo século, de um novo milênio.
Depois de várias
tentativas o Brasil elege Lula presidente e muda o rumo da sua
história.
A escolha foi o olhar
voltado para o social, a inclusão e a pertinência de uma grande
população mestiça, mixta, inter-racial, com contradições
próprias proporcionalmente grandes.
Lula se supera, acerta
a mão e fazendo o possível realiza um dos melhores governos. Com
outros setores progressistas revela um país que já pode ser adulto,
independente, autônomo, com identidade, vocação , voz e
vontade próprias.
O Lula é sem dúvidas a figura mais
relevante da política brasileira recente.
#VaiLula
Para ouvir o discurso
publicado na pagina do “Tijolaço” em 04/05 clique aqui:
sábado, 6 de julho de 2013
HERÓI EM MEGABYTES
Talvez precisemos encontrar
também nossos heróis, no meio de tantas ações deletérias de humanos em estado
tão lamentável de ser.
Talvez, para o nosso equilíbrio,
necessitemos também destacar aqueles que exercitam o lado melhor que também temos
e almejamos. Destacar aqueles que mesmo sujeitos ás fraquezas humanas como
todos, ainda assim lutam para superá-las e dentro de suas possibilidades, mesmo
que poucas, encontrar um filão da grandeza humana de que também somos capazes.
Afinal, é bom saber que não temos
só Obamas e Bushs e Blairs e Tatchers. Temos também Mandelas e Mujicas e Fidels.
Muito além dos Ronaldo Azevedos,
Mervais e Jabores. Temos Moreira Leites, Raimundo Pereiras, Mino Cartas.
À bem da justiça já se tem
explicitado bem antes da internet, que o verdadeiro herói contemporâneo é
anônimo e trava a batalha real da subsistência dentro de um sistema cruel e
selvagem mantido de forma autoritária, violenta nos diversos níveis, onde tem
sido impedido até de encontrar os verdadeiros sentimentos e qualidades humanas.
Alguns, porém, se destacam. Levantam
bandeiras, assumem posições, falas e riscos. E quantos têm morrido injustiçados
por lutarem por causas justas? Em defesa da terra, da água, do ar, dos índios,
dos oprimidos, da democracia, da liberdade, da igualdade, da justiça? Nossa
história recente nos deixa envergonhados.
E é este sentimento desagradável
de vergonha diante dos injustiçados que senti ao ver no noticiário que Edward
Snowden continua confinado no aeroporto de Moscou tendo seu pedido de asilo
recusado por diversos países, inclusive o Brasil.
Diante da complexidade das
diversas batalhas que se travam hoje no mundo em crise, as redes sociais e o
povo na rua e tudo, é possível entender e destacar a importância da ação
corajosa deste jovem de informar ao mundo que ele está sendo espionado e o
quanto.
Esta publicação é importantíssima
e fundamental para todos os bilhões de cidadãos do mundo. Muitos já chamaram
nosso tempo de era da informação. A informação “vale ouro” em muitos sentidos
desde o mais humano desenvolvimento ao sentido puramente utilitário e até aos
mais criminosos, como é a espionagem. Informação vale poder. E vivemos, no
momento, a disputa de poder ilegítimo sobre o ciberespaço.
Os outros governos, mesmo se
sabendo espionados, preferem se calar, se subordinar e justificar com o único
objetivo de participar de alguma forma da divisão da rapinagem como sempre.
Ângela Merkel tenta afirmar uma impossível ética da espionagem aos cidadãos.
Ela já foi mais decente como ativista nua.
Assim como Julian Assange e
Bradley Manning, Snowden assumiu os riscos de enfrentar a nação mais poderosa
da terra. Pior, eles enfrentam um estado autoritário, policialesco, agressivo,
violento, que se sente sem limites. Mais que espionar seus cidadãos, um estado
terrorista que mantém a sociedade paranóica, acuada pelo medo de um suposto
ataque “inimigo”, russo, iraquiano ou extraterrestre.
Os inimigos americanos são criado
pela ação invasiva e agressiva do intruso, que promove a guerra baseados em
mentiras pra ganhar com a venda de armas e interferir na vida de todas as
nações e manter o poder sobre as riquezas dos outros.
Assange, Manning e Snowden
enfrentam individualmente enquanto cidadãos do mundo o império, ao qual os
outros estados se curvam vergonhosamente.
Pode parecer piegas falar em
heróis e talvez seja mesmo. Não tem importância. Existe um excessivo gosto pela
sofisticação que muitas vezes é apenas um ranço burguês que guardamos mesmo
sendo de esquerda. Mas o que eles fizeram com alto risco, foi distribuir a
todos a informação que nos é roubada ou sonegada. Lembrar de Robin Hood talvez
seja uma forma de homenageá-los.
PS. Graças ao escandaloso seqüestro do avião do presidente
Evo Morales na Europa, a situação mudou e com apoio da Unasul dois países latino
americanos ofereceram asilo político a Snowden. Uma atitude humanitária como
disse Nicolas Maduro, da Venezuela. Continua válida a homenagem.
domingo, 12 de maio de 2013
SE É PARA MUDAR...
Alias é sempre
bom lembrar que o conceito de “mercado” tem um espaço próprio, como o nome relativo
a compra e venda de mercadorias e, portanto, coadjuvante na organização
cultural e social como um todo, na organização econômica. O erro foi
transformar-lo em princípio de todas as coisas, como fizeram os “liberalismos”
por aí, capturando todos nós em uma “sociedade de mercado” o que é no mínimo muitíssimo
ofensivo pela desconsideração humana, para ser delicado. É preciso lembrar
também que o sistema está em crise profunda exigindo mudanças de iguais
dimensões pra sobreviver.
Voltando à Educação
é preciso lembrar primeiro que é um direito do cidadão que o Estado deve prover
e não deveria de forma alguma estar exposta ao mercado. A Educação deve por
princípio estar voltada para o desenvolvimento, instrumentalização e
socialização dos cidadãos para que estes possam assumir seu legítimo direito de
exercer suas potencialidades essenciais de ‘amar, conhecer e trabalhar’,
acompanhando compreensão estrutural de Wilhelm Reich.
Dirigir o
desenvolvimento dos indivíduos e direcionar autoritariamente a sua educação é
errar em todas as dimensões em que a questão possa se colocar, partindo do
preconceito, da descrença e desvalorização dos cidadãos quanto à sua capacidade
de descobrir e desenvolver formas melhores e mais adequadas para viver este
mundo diverso e complexo onde não cabem mais pensamentos simplistas e soluções unívocas.
O
autoritarismo enquanto princípio forma e ação está incorporado na nossa
sociedade pela experiência contínua desde a concepção e comportamento familiar e
as ditaduras são apenas eventos culminantes de grande porte. Existem muitos
eventos culminantes de “pequeno” porte, domésticos mesmo.
Por outro
lado, mesmo que a experiência, a percepção da realidade e o pensamento dos
cidadãos venham mudando, e muito, o autoritarismo persiste através das instituições
que são sua materialização formal explícita.
As
contradições vão se expondo de forma irreversível e muitas vezes dramática ou violenta.
Os números da criminalidade e o nível de crueldade cada vez maior são
assustadores. A banalização de uma vida desacreditada. As reações autoritárias
se repetem pedindo mais punição, diminuição da idade penal, mais prisão.
Mais exclusão enquanto
teoricamente se propõe como parâmetro a “educação inclusiva”. Contradições, muitas.
O autoritarismo é pra manter a exclusão.
As
instituições se tornaram inadequadas às mudanças de pensamento e comportamento
da maioria da população, desde experiências como Woodstock, a ‘queima dos
sutiãs’ e maio/68, pelo menos, além das muitas gerras. Enquanto a Comissão de
Direitos Humanos do Congresso é assumida por um pastor evangélico contra a
homossexualidade, uma das mais conhecidas artistas populares é capa de uma das
principais revistonas do mercado onde aparece abraçada com sua namorada.
Procurar
entender porque as pessoas ainda se preocupam tanto em conhecer e controlar a
vida do outro até o ponto de com quem o outro dorme ou é casado, também é
importantíssimo para proposição de ações educativas. Porque mesmo enfrentando
grave crise com desemprego, arrocho, direitos em risco, revoltas sociais,
milhares de franceses saem às ruas pra protestar contra o casamento dos outros?
Questão importante para compreender o tipo de autoritarismo moralista de uma
sociedade que convive com a corrupção e a fraude praticamente instituídas. De
novo Reich teria argumentos fundamentados pra corroborar uma reflexão séria.
Numa sociedade
que precisa continência e encaminhamento coerente para as mudanças que já
ocorreram e continuam ocorrendo, as reações acabam incoerentemente na força, na
violência, no desrespeito, na crueldade, pertinentes ao sistema autoritário que
adota a agressão e a punição como procedimentos “corretivos”.
A falta da educação
e a escola engessada constituem função e instituição fundamentais no
aprisionamento da sociedade aos procedimentos da submissão, da obediência, do
enquadramento, do adestramento, do acanhamento, da desvalorização. As ‘classes
com quarenta carteiras’ voltadas pra um professor do que e de como aprender,
para conter e domesticar a energia a criatividade a curiosidade a alegria e a
capacidade natural de aprender das crianças, desde muito pequenas, dispensam
comentários.
Precisamos educação
integral, afetiva e intelectual. Precisamos de educação tecnológica, financeira,
ambiental, sexual; precisamos de “alfabetização áudio-visual”. Os conceitos
precisam ser revistos, a educação e a escola precisam ser re-propostas. Uma educação
orgânica sistêmica que atravesse áreas meios e formas.
Os indivíduos
precisam muito mais de acolhimento valorização e crédito. As crianças são curiosas,
sabem o que querem aprender, sabem investigar e experimentar. São
colaborativas, aprendem a se organizar, a cumprir tarefas. As crianças precisam
de estímulos, de espaços, de materiais e de orientadores respeitosos e afetivos.
As crianças
precisam, sobretudo, de compreensão verdadeira e não formal. Assim como a
aprendizagem e o ensino. Muitos estudos importantes são conhecidos e divulgados
desde Piaget, Montessori e outros. Paulo Freire, um mestre brasileiro. Muitas
experiências renovadoras da Escola têm sido feitas pelo menos desde “Summer
Hill” nos meados do século passado. Aqui foram experiências significativas, por
exemplo, as “Escolas Vocacionais”, públicas, antes da ditadura. É parâmetro
internacional hoje a “Escola da Ponte”, no Porto, Portugal. Em São Paulo a “Lumiar” é
também referência, criada pelo empresário Ricardo Semler propondo um
desenvolvimento social democrático.
Investir na
Educação e na Escola é de fato investir no nosso bem maior, o cidadão, mas é
fundamental ultrapassarmos o objetivo da quantidade pra chegarmos à questão
central da qualidade.
Temos conhecimento,
temos experiências de sucesso. É preciso crença coragem e ousadia. Não podemos
mais confundir arte com artesanato, nem conhecimento e experiência corporal com
Educação Física, ou continuaremos a repetir subservientemente os procedimentos autoritários
de adestramento, adequação e, “quando necessária” a punição, sempre “para o
bem” do punido é claro.
sábado, 20 de abril de 2013
BR!?/Q-Educação/p_Q/X?
“invento pra me
conhecer”
Manoel de
Barros.
O velho mundo
está em crise. A América
Latina exercita, dentro do possível, sua autonomia e independência, procura
seus próprios caminhos.
A nossa
sociedade passou por muitos eventos desde pelo menos a 2ª guerra e a bomba
atômica e muitas transformações das concepções e comportamentos, que poderíamos
sintetizar com a consolidação da “aldeia global” e o surgimento de novos
casamentos e novas famílias.
O que
assistimos hoje é o grande embate pra reformular as instituições da sociedade
em função dessas novas percepções e concepções que os cidadão contemporâneos têm
e projetam pra si mesmos.
As
instituições, no entanto, formatadas pelo velho pensamento assim são e assim se
mantêm porque são dominadas por seus representantes que continuam lá tentando
conservar tudo como era. Não temos nenhuma reforma de base, nem política, nem
no judiciário, nem nenhuma.
A Educação, no
entanto, é a instituição cujo consenso sobre suas necessidades é total, amplo e
irrestrito, mas pouquíssimo ou quase nada se faz de fato.
Na política e
nos governos, fala-se muito.
Nas campanhas
eleitorais, já é clichê.
Fala-se em
educação, mas resulta em escolarização, quando resulta.
Fala-se em
qualidade, mas resulta em quantidade, quando resulta.
O que preocupa
no momento é que temos visto o atual governo, ao qual respeitamos como a
maioria dos brasileiros, se propor a investir muito na Educação (mais do que
oportuno e adequado, necessário), mas de novo o foco parece que fica na
quantidade e na visão restrita à escolarização. Bate-se muito na tecla da
Educação em Tempo
Integral , mas não se coloca a verdadeira necessidade de uma
Re-Forma para a Educação, a única saída de fato. O resto é repetição e mesmice
que apenas vai alimentar um sistema já deteriorado e degradado ao extremo.
Nossa escola é
velha, caquética, na concepção e na forma e, aumentar em quantidade o que é
ruim, não tem chance de ser uma boa solução.
Uma
transformação radical da escola como se precisa, não implica risco de perdas
quanto ao ensino que já temos e que no geral é fraco. Temos knowhow para o ensino em todas as áreas do
conhecimento, incluindo a matemática. A lógica é intrínseca ao pensamento e à natureza
da compreensão humana.
A
transformação necessária na Educação é priorizar de fato o desenvolvimento
humano antes de qualquer direcionamento e isso vai além de posturas e
filosofias. São necessárias atitudes e mudanças no concreto e, fora da educação familiar e afetiva, as linguagens
expressivas são fundamentais e específicas como promotoras desse
desenvolvimento. É preciso a prática. A aprendizagem na arte não é uma
aquisição mas o desenvolvimento de faculdades pelo exercício das mesmas, pela experiência.
A inclusão da Arte
no processo da educação precisa ser abordada com mais cautela e conhecimento de
causa e não ser dispensada de maneira impensada.
Por exemplo, abraçar
o projeto “El Sistema” pode ser interessante como um aspecto delicado mas
jamais protagonista de um projeto
educacional novo, atualizado, em benefício dos cidadãos.
O estímulo à
prática musical e a criação de orquestras são sempre bem vindas, muito bem
vindas. No entanto, o ensino da música diretamente através da pratica instrumental, bem
como o ensino do “Ballet”, assim, “tout court”, correm o grave risco da
mitificação, submissão e reprodução de uma concepção burguesa da arte e sua significação
social. A formação de instrumentistas não inclui um processo criativo efetivo,
o que em termos de desenvolvimento humano e expressão artística é fundamental.
O “Concerto” ou a “Ópera” não podem continuar sendo eventos de exibição social
e verniz cultural.
Regredimos aos
objetivos do “Conservatório” no final do sec. XVIII, pois é. Formar
instrumentistas pode ser apenas mais um processo de “adestramento”.
Não houve no
Brasil uma chamada de fato dos artistas para um trabalho na Educação, o que
certamente seria do interesse de todos, se levado com seriedade. Como de fato a
Arte nunca esteve presente na nossa Educação, somente podem conhecê-la aqueles
que por motivos diversos a procuraram fora da escola. Não é de estranhar que
mesmo os verdadeiramente interessados ideológica e politicamente a desconheçam
na sua essência e na sua verdadeira natureza.
A Arte fica
assim mitificada, “coisa de artista”, e “chic”, nas galerias e nos leilões de
milhões de dólares em “New York”.
Não, os
artistas são os profissionais da Arte, os que têm a vocação específica como o
médico ou o matemático nas suas áreas, mas a potencialidade artística, a
sensibilidade, a inventividade, a criatividade são características humanas,
todos as têm e todos devem ter o direito de cultivá-las, não pra se tornar “cultos”,
mas mais desenvolvidos nas suas qualidades humanas.
No que tange à
Escola, legalmente inclui a arte na Educação desde pelo menos a lei de
Diretrizes e Bases de 1971 e os Parâmetros Curriculares Nacionais reconhecem a Arte como uma forma de
conhecimento e articulação de sentidos para a compreensão do realidade. Na
prática nada; blá blá blá....
A defasagem da
escola é muito grande, não há tempo a perder, a oportunidade é agora, e não há
espaço para reformismos de algo que traz traços jesuíticos na sua concepção e
forma.
É preciso
coragem e ousadia além da determinação.
A questão vai
além do tempo integral. Precisamos de uma Educação Integral.
Se o remédio é ruim, aumentar a
dose só pode é matar o doente.
“A educação não vai mudar o mundo, vai mudar as pessoas que vão mudar o
mundo.” Paulo Freire.
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